segunda-feira, 6 de maio de 2013

A primeira guerra.

O Irmão deserto estava ganhando novos seguidores, pois viu que sua aspereza apenas o isolava cada vez mais. Fez acordos com o Irmão Chuva para que houvesse vida em seus reinos. O Irmão Chuva prometeu passar no reino de seu querido irmão sempre que pudesse, para que pudesse haver vida ali. Novos acolhidos chegaram.
Os outros irmãos pararam de ignorar sua existência, e agora o viam como um emergente. Quem sabe até, como uma ameaça. Irmão Deserto é justo, e nunca deixou de acolher ninguém que quisesse seguir seus ensinamentos.
Ele prega que os Acolhidos devem se ajudar, e acolher aqueles que vierem pedir ajuda, mesmo que estejam do outro lado. Mesmo que nunca tenham conhecido a textura da areia.

Ele não cobra nada. Ele não pede nada. Ele apenas quer que ouçam o que ele diz. E isso, essa piedade, honestidade e bondade tem atraído cada vez mais seguidores para o Irmão Deserto. Mas ele jamais expandiu seus domínios. Ele não quer prejudicar seus irmãos, e seus reinos. Não queria.

A primeira guerra acontece quando a Irmã Luz viu que seus seguidores estavam indo para o deserto e seus oásis. Lá, seu poder era forte. Porém, a Irmã Luz era uma rainha ciumenta por natureza. Ríspida, mas nem sempre presente. Sempre que queria, repousava, e deixava seus seguidores sozinhos por metade de um ciclo. Presunçosa, convencida. E ciumenta. Não queria que seus seguidores fossem para aquele medíocre Irmão Deserto. Entraram em guerra. Não seus seguidores, mas sim, os próprios irmãos. A luta teve proporções magníficas. Grandes furacões de areia, o Sol brilhando como nunca, raios de luz que formaram torres enormes e gigantescas árvores de vidro. A beleza da guerra foi conhecida ali por seus seguidores. E com ela formaram uma arte. Depois dessa primeira guerra, os Acolhidos do Deserto se tornaram guerreiros lendários, inspirados em seu acolhedor, o Irmão Deserto. Como resultado dessa guerra, o Irmão Deserto tomou pra si os poderes e o reino da Irmã Luz, pois, mesmo abatida, ainda tinha carinho por sua irmã e não queria que sua obra fosse perdida. A luta deixou uma cicatriz de luz enorme na proteção do seu reino. O Sol brilhara no deserto como nunca antes tinha sido visto.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O começo.


No começo, existia apenas A Coisa.
A Coisa, vinda de outro tempo, chegou no vazio.
A Coisa era solitária, vagava em busca de um lugar para se estabelecer.
A Coisa achou uma bolinha de terra, e nela separou sua vida em muitas vidas, Os Irmãos.
Então, a maior parte da Coisa parou pra descansar no centro da bolinha de terra.
Enquanto A Coisa dormia, esse restante da sua vida escapou aos poucos, povoando a bolinha de terra.

Os Irmãos se uniram, e decidiram que papéis eles iriam tomar.
Cada um tomou um papel. Um decidiu se tornar a Chuva. Seu irmão gêmeo decidiu se tornar o Mar. As irmãs gêmeas Terra e Céu então assumiram seus tronos. O Vento, a Luz, um se tornou a Areia. Um deles se tornou a Morte, para reciclar o poder da Coisa e a manter viva, pois todos amavam como amamos nossa mãe. E tudo era muito bom.

A coisa tinha espírito ambíguo, era pacífica e era guerreira. Assim como foram todos os seus filhos. Mas seus filhos costumavam se respeitar, pois sabiam que todos tinham recebido uma parte igual da força da Coisa.

Os pequenos habitantes da bolinha de terra tomaram conhecimento dos Irmãos, e começaram a adorá-los, e ao adorá-los, darem parte de sua força para aquele Irmão. O tempo passou, alguns ganharam mais importância e formaram hierarquias. Alguns se isolaram com seus adoradores, dizendo que não deveria haver um supremo entre Os Irmãos. Um, sofreu calado. Um, caminhou sozinho pelo deserto, cada vez mais fraco comparado aos seus outros irmãos, com poucos adoradores, não podia conversar com eles, ou agradá-los. A voz dos Irmãos é muito alta, sua presença é muito grande, e por isso muitos deles vivem no céu, longe do alcance do corpo dos habitantes da bolinha de terra.

Aqueles que ficaram pra adorar o Irmão Deserto, são poucos, pois viver dentro de seu reino é uma experiência solitária, introspectiva e difícil. O Irmão Deserto é piedoso, cuida bem de seus protegidos, mas é naturalmente ruim de se conviver. Quem pode escapar de seu manto o faz e acaba pedindo asilo com outro Irmão.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Grandeza.

A grandeza de alguém não é altura, não é largura.

A grandeza de alguém é o tamanho...
O tamanho da falta que aquela pessoa faz.
O tamanho da mudança que suas palavras e atitudes trouxeram.
O tamanho do seu coração.

Grandeza, uma qualidade tão subjetiva... Algo grande, construído nas pequenas coisas.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Nada demais.

Realmente, não é nada demais.
Apenas um, tentando estar em paz.
E uma, fazendo de tudo, tentando conquistar o mundo.
Um, tentando sossegar, e querendo apenas ouvir o barulho do mar.
Uma, querendo provar que era melhor, justamente no que fazia de pior.
Um, esperando que fosse real, que não fosse uma aventura banal.
Uma, apenas colocando nomes na lista, mesmo compromissada sempre na pista.
Um, decidido que não estava mais no jogo, decidiu começar de novo.
Uma, vendo que era pior que muita gente, não conseguiu seguir em frente.
Um, não queria deixar nada no passado, resolveu deixar tudo bem explicado.
Uma, vendo que nem sempre se pode ganhar, se colocou no seu lugar.